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Mostrando postagens de outubro, 2012

Aceita um chimarrão?

  Abri a porta do consultório. Na sala de espera uma querida paciente com uma sacola grande na mão esperava. Dei-lhe um beijo e pedi para entrar. Ela muito sorridente me disse: “Hoje trouxe um chimarrão pra nós”. Mais do que depressa minha mente voou para a obra do Luis Fernando Veríssimo e me vi na pele do próprio Analista de Bagé. Quase que eu digo: “Senta vivente, me passe esse mate topetudo e vamos proseando.” Vi-me entre os ensinamentos passados ao longo do curso e meu jeito acolhedor e sem frescura de ser. Aceitei o mate! Sei muito bem que a relação entre terapeuta e paciente tem de ser profissional, mas também sei que fazendo “cara de planta” eu não vou deixar meus pacientes à vontade para abrir sua vida, seus sofrimentos, mágoas e intimidades. Lembro-me que quando resolvi começar a fazer psicoterapia, pedi para minha professora Alzira para que me indicasse alguém muito “legal”. “Legal” para mim era alguém que me desse um oi sorrindo, me desse um abraço e um beijo

A SIMPLES FELICIDADE

  Não é raro, ao perguntar para uma pessoa o que ela busca na vida, ouvir a resposta: a felicidade. Mas de onde vem e como achar a felicidade, muitas vezes, as pessoas não sabem. Elas trabalham duro, empilham dinheiro, vestem roupas de luxo e joias de grife, buscam glamour, com a ilusão que desta forma encontrarão a tão sonhada felicidade. Nesta semana vivi um momento singular, que me fez pensar sobre ser feliz. Conheci pessoas muito simples, mas com grande riqueza na alma. Daquelas pessoas que se contentam e se orgulham com o pouco que tem (no sentido material). Sabem que as coisas simples da vida é que tem um valor imenso. Coisas simples como, tomar um mate ao pé de um fogo de chão, com a mente tranquila, fazer um pãozinho caseiro que espalha aquele cheirinho de massa e erva doce pela casa - poder ter alguém especial por perto para saborear esse pão. Dormir um sono numa tarde chuvosa, sem pensar em contas ou na crise da bolsa de valores. Fazer o bem, é ser feliz... Porque

OS CASAIS E A AUSÊNCIA DO DIÁLOGO

            Muitas pessoas ignoram a importância do diálogo para que se tenha um relacionamento saudável, duradouro. Assim, elas não dizem ao parceiro o que realmente sentem. Se dizem abertas, mas desviam o assunto quando o tema é o próprio relacionamento. Apontam os defeitos dos casais próximos, mas não enxergam - ou melhor - não querem enxergar os pontos que devem ser trabalhados na relação. Os casais estão, cada vez mais, deixando de ser par para ser 1 + 1. Por medo de sufocar. Por receio de ser sufocado. O casal deve estar conectado e não grudado. Hoje muitos casais dividem a casa, mas não a vida. Dividem a cama, mas não os sonhos mais íntimos. Conversam sobre a novela, sobre as crises do mundo, sobre as guerras e os luxos, mas não conseguem dialogar sobre a necessidade de ajuste na vida a dois. O psiquiatra Nélio Tombini mencionou certa vez que, as pessoas se estressam, as relações românticas não duram porque os indivíduos atribuem valor exagerado as suas palavr

Cirurgia Plástica Resolve?

Perineoplastia e insatisfação sexual Atendendo ao pedido de uma leitora, o texto desta semana fala de perineoplastia ( é uma cirurgia plástica íntima onde a região perineal é reconstituída, diminuindo a entrada da vagina). Algumas mulheres podem ter os músculos da vagina lesionados durante o parto normal, ou enfraquecidos devido ao envelhecimento, por exemplo. O resultado é perda de pequenas quantidades de urina ao fazer esforço e insatisfação sexual. Quando uma mulher procura um médico cirurgião para realizar esse tipo de cirurgia, muitos fatores devem ser considerados. O profissional precisa ter sensibilidade e habilidade de escuta para poder/saber ouvir toda história pregressa da paciente. Isso porque, a insatisfação sexual muitas vezes pode estar intimamente (e somente) ligada a questões psicológicas. Quando acadêmica apresentei um trabalho sobre o assunto. Os autores do livro estudado RUBENS VOLICH e ALEXANDRE FAISAL teciam um diálogo sobre diversos assuntos r

Esquizofrenia

  É uma palavra composta de dois termos de origem grega: “Skhizein”, que significa fender, rasgar, dividir, separar e “phrên”, “phrênos”, que quer dizer pensamento (STERIAN,2002). A esquizofrenia é uma desordem cerebral crônica, grave e incapacitante, que afeta em torno de 1% da população mundial, manifestando-se habitualmente entre os 15 e os 25 anos, nos homens e nas mulheres , podendo igualmente ocorrer na infância ou na meia-idade¹. Pessoas com esquizofrenia podem escutar vozes e acreditar que outros estão lendo e controlando seus pensamentos ou conspirando para prejudicá-las. Pessoas com esquizofrenia podem ter falas que não fazem sentido, ficarem sentadas por horas sem se mover ou falando muito pouco, ou podem parecer perfeitamente bem até falarem o que realmente estão pensando. Uma vez que muitas pessoas com esquizofrenia podem ter dificuldade de manter um emprego ou cuidar de si, a carga em sua família pode ser significativa ². Pessoas com esta doença têm frequent

PSICOLOGIA 50 ANOS...

  No dia 27 de agosto (segunda) comemorou-se o dia do psicólogo e ainda os 50 anos da regulamentação da profissão no Brasil. Temos muito para comemorar e ao mesmo tempo muito parar pensar, refletir sobre a psicologia do futuro... os degraus da escada que esperamos nunca deixar de subir. 50 anos parece muito tempo para um jovem. Não muito tempo para uma pessoa idosa.   Mas a verdade é que para uma jovem de 50 anos, a psicologia (no Brasil), está indo muito bem, obrigada! Ela vem crescendo e se inserindo em diferentes espaços. Cada vez mais o profissional da área está sendo requisitado, exigido e procurado. Seja na área clínica (a mais conhecida), seja na área organizacional e do trabalho – cada vez mais crescente no mercado de trabalho, na área social, jurídica...enfim. Na edição especial da revista do CRP (Conselho Regional de Psicologia), tem uma entrevista com   Chico Pedro, o primeiro psicólogo a ter uma clínica e o primeiro a ser nomeado pelo Governo do Estado. Ju
Doença de Alzheimer   - parte 4. O CUIDADOR FAMILIAR Atendendo a pedidos, nesta semana trago mais um trecho da pesquisa “ A Família e a Doença de Alzheimer”,   autoria de Marianita Kutter Ortaça e Drª. Deise Francisco.     A experiência de cuidar de um doente em casa tem se tornado cada vez mais frequente no cotidiano das famílias, assim esta é vista como um espaço em que pessoas com doenças crônicas como a doença de Alzheimer, podem viver com maior qualidade de vida, no seio da família, tendo a possibilidade de garantir a preservação de sua identidade, bem como sua autonomia (GIRARDON-PERLINI, 2001). Nesse sentido as políticas de atenção ao idoso defendem que o domicílio constitui-se no melhor local para o idoso envelhecer (CATTANI, GIRARDON-PERLINI, 2004). Segundo Cattani & Girardon-Perlini (2004) cuidar de idosos dependentes acometidos por uma patologia crônica, trata-se de uma situação frequente para muitas famílias. Os cuidadores/ familiares desempenham atividad