Feroz, que de violento e cruel não tinha nada...
Pêlo marrom, olhos marrons. Rabo peludo, juba de leão..
Feroz que embora acanhado e reservado, não dispensava um pé para lhe fazer carinho...
Feroz... que mesmo carregando o peso de seus 17 anos, não escutava bem, mas ouvia. Com os olhos cansados, olhava .
Como todo cão, seus instintos eram apurados, seus sentidos aguçados. Conhecia o barulho do motor do carro, conhecia os passos de cada um. Sabia quem era amigo, e, para quem não era, ele se retirava, de um jeito esnobe e elegante.
Os cães sentem. Há uma razão para eles terem se tornado os “bichos de estimação”, senão criaríamos cobras, lagartos ou rãs. Os cães correspondem, e muito mais... entendem e não exigem. São puros, não sentem inveja, pelo contrário. Eles pulam, gritam, comemoram, sem saber o que. Se é importante para você, é importante para ele.
“Para um cão você não precisa de carrões,de grandes casas ou roupas de marca. Símbolos de status não significavam nada para ele. Um graveto já está ótimo. Um cachorro não se importa se você é rico ou pobre, inteligente ou idiota, esperto ou burro. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Dê seu coração a ele, e ele lhe dará o dele. É realmente muito simples, mas, mesmo assim, nós humanos, tão mais sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que realmente importa ou não. De quantas pessoas você pode falar isso? Quantas pessoas fazem você se sentir raro, puro e especial? Quantas pessoas fazem você se sentir extraordinário? (Marley e eu – filme).”
Mesmo quando você é uma péssima companhia, quando está com um humor terrível, ele não se afasta. Para que amigo mais fiel? Ele não te julga...
O feroz, sempre foi um cão livre. Não gostava de banho, não gostava de amarras. Por isso, nunca o amarramos. E o banho, nunca foi muito exigido. Ele vivia solto, no pátio, na rua. Mas sempre dormia em casa (na garagem, nunca quis a casa feita para ele). No inverno, deitava sobre seus panos, seencostava na parede para sentir o calor da lareira e dormia junto com seus irmãos adotivos, Princesa e Orelhudo. Reclamava, claro, já estava rabugento, 17 anos não é pra qualquer cachorro, ter ótimo humor já seria exigir demais.
Quando o verão se aproximou (há uns três anos), quis fazer um favor ao Feroz,que tal um banho e tosa? Com todo aquele pêlo devia estar incomodado. Veio um moço, com um laço na mão, só dessa forma conseguiria pegá-lo. O levou... Mais tarde, chegou o Feroz, tosado, banhado, mas estranho... Ele havia sofrido uma parada cardíaca, tal era o pavor dele por banho. Conseguiram reanimá-lo, para minha alegria e alivio...eu morreria de remorso.
Com os olhos vermelhos ele me olhou como quem diz: “Olha o que fizeram comigo”! Nunca mais obriguei ele a tomar banho.
Ele era livre. Só gostava de banho de chuva. Respeitei.
Com os olhos vermelhos ele me olhou como quem diz: “Olha o que fizeram comigo”! Nunca mais obriguei ele a tomar banho.
Ele era livre. Só gostava de banho de chuva. Respeitei.
Todos que adoram seus cães vão dizer:o meu cachorro é diferente, ele só falta falar!Não seria diferente comigo.
Ele era único, não tinha raça definida. Jamais vai haver um cão igual a ele.
Cão amigo, tranqüilo, amável, respeitador.
Partiu o doce Feroz! Não vai mais latir cuidando a casa, mas continuará aqui, no jardim, embaixo de uma boa sombra...
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