Pular para o conteúdo principal

TRABALHO E SAÚDE MENTAL



O trabalho tem papel importantíssimo na vida do ser humano e na saúde mental. Trabalhar faz com que nos sintamos úteis para a sociedade e o mundo.
Na visão de Bleger (1984), não interessa apenas a ausência de doenças, mas o desenvolvimento integral das pessoas e da comunidade. A ênfase, então, na saúde mental, desloca-se da doença à saúde e à observação de como os seres humanos vivem em seu cotidiano.
Atualmente, observa-se uma pressão constante contra a grande massa de trabalhadores existente em quase todo o mundo. Uma ameaça com objetivo certeiro faz com que milhares de pessoas sintam-se sobressaltadas, pois a única ferramenta de que dispõe – sua força de trabalho – pode ser dispensada a qualquer momento (CAPITÃO & HELOANI 2003, p.2). Isso se dá, em parte, pelo avanço da tecnologia que em muitos casos faz com que a força de trabalho seja substituída por máquinas que em curto prazo realizam atividades antes praticadas apenas por pessoas. Alguns indivíduos não conseguem acompanhar esse avanço tecnológico e esse pode ser um dos motivos que fazem surgir a ansiedade e o sofrimento mental.
“Esse princípio de realidade adentra e fere o psiquismo humano, fazendo com que as pessoas sintam-se exigidas; o sentimento de impotência e de desvalorização, que leva as pessoas pouco resistentes a degenerar-se rapidamente, avilta de si qualquer potencial humano que pudesse se somar às conquistas da civilização (CAPITÃO & HELOANI 2003)”.
            Sabemos que “o conceito de saúde vai muito além do que a mera ausência sintomática de doenças (CAPITÃO & HELOANI 2003, p.3)”.
O individuo deve se sentir realizado no trabalho que realiza, seja ele qual for. A saúde psíquica está intimamente ligada ao ato de trabalhar, pois, grande parte de nossas vidas – talvez a maior – passamos trabalhando.

         Marianita Kutter Ortaça       

Referências:
BLEGER, J. Tema s   d e   p s i c o l o g i a :  entrevista e grupos. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

CAPITÃO, G.C; HELOANI, R.J Saúde Mental e Psicologia do Trabalho. São Paulo em perspectiva, 17(2): 102-108,  2003

Publicado em maio 19 maio de 2012 - Jornais: O Mensageiro e Jornal Missioneiro.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

HOSPITAL PSIQUIÁTRICO SÃO PEDRO – DECADÊNCIA MATERIAL X BUSCA PELA SANIDADE

Marianita Kutter Ortaça – Psicóloga Colaboração e fotos: Leonardo Sarturi Segundo a secretaria de saúde do estado do Rio Grande Sul, o Hospital Psiquiátrico São Pedro, nomeado Hospício São Pedro em homenagem ao padroeiro da Província, foi a primeira instituição psiquiátrica de Porto Alegre e da Província de São Pedro. Fundado em 13 de maio de 1874, foi inaugurado somente dez anos após, no dia 29 de junho, data consagrada a São Pedro. Foi o sexto asilo/hospício de alienados durante o Segundo Reinado no Brasil (1841-1889). Designado como Hospício São Pedro até 1925, passou a ser chamado Hospital São Pedro até 1961, quando então assumiu a atual identidade de Hospital Psiquiátrico São Pedro. Ao visitar o local, no início do corrente mês, percebemos que o mesmo encontra-se em total decadência Parece um imenso abrigo precário.             Ao passar em frente ao prédio, a impressão que se tem é de algo riquíssimo, grandioso, que apresent...

TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO - TOC

O tema dessa semana é o Transtorno obsessivo compulsivo (TOC) , que foi sugerido por uma leitora do blog, Daniele Rebelatto, que sofreu com o transtorno, fez tratamento e hoje diz ter reduzido 90% dos sintomas. O Transtorno obsessivo compulsivo é um transtorno heterogênio que se caracteriza pela presença de obsessões e/ou compulsões que consomem tempo ou interferem de forma significativa nas rotinas diárias do indivíduo, no seu trabalho, na sua vida familiar ou social e causam acentuado sofrimento (CORDIOLI 2008 p 428). Pode ocorrer com qualquer pessoa, independente da classe social, sexo, cor ou credo, gerando pensamentos estranhos que aparecem de forma repetida e persistente (obsessão), e causam muita ansiedade, angústia, culpa e medo. Para aliviar essa ansiedade e sofrimento o indivíduo tende a ter algum tipo de comportamento ou praticar um ritual (compulsão) na busca de se libertar dessas ideias e pensamentos, pois as compulsões permitem um alívio momentâneo da ansiedade.  ...

As relações amorosas e o sentido do amor

O amor é de fundamental importância na vida dos seres humanos. A experiência amorosa é tão forte que pode ser considerada uma das que mais mobiliza a vida humana. Seu sentido vai além da perpetuação da espécie e da formação da família. Apesar das crises que surgem na sociedade, o amor continua sempre. Por exemplo, o casamento pode ser desvalorizado em função das transformações culturais, da “modernidade” ou crises econômicas, mas nem por isso as pessoas vão deixar de se atrair e se relacionar de forma amorosa. O amor sobrevive a várias crises, à distância, aos empecilhos da vida e ao passar do tempo, mas não garante a permanência do par no dia-a-dia, ao contrário do “...e viveram felizes para sempre” dos contos de fadas. Não podemos pensar que o amor e um relacionamento saudável, satisfatório sobrevive sozinho, sem que façamos algum esforço. Precisamos investir no amor, no par, todos os dias! Pequenos gestos fazem com que o amor permaneça com o casal mesmo depois de anos. Os intere...