O tema dessa semana é o Transtorno obsessivo compulsivo (TOC), que foi sugerido por uma leitora do blog, Daniele Rebelatto, que sofreu com o transtorno, fez tratamento e hoje diz ter reduzido 90% dos sintomas.
O Transtorno obsessivo compulsivo é um transtorno heterogênio que se caracteriza pela presença de obsessões e/ou compulsões que consomem tempo ou interferem de forma significativa nas rotinas diárias do indivíduo, no seu trabalho, na sua vida familiar ou social e causam acentuado sofrimento (CORDIOLI 2008 p 428).
Pode ocorrer com qualquer pessoa, independente da classe social, sexo, cor ou credo, gerando pensamentos estranhos que aparecem de forma repetida e persistente (obsessão), e causam muita ansiedade, angústia, culpa e medo. Para aliviar essa ansiedade e sofrimento o indivíduo tende a ter algum tipo de comportamento ou praticar um ritual (compulsão) na busca de se libertar dessas ideias e pensamentos, pois as compulsões permitem um alívio momentâneo da ansiedade.
Todos nós temos, por vezes, pensamentos invasivos. Na maior parte da população esses pensamentos (agressivos, obscenos, etc) passam sem significar muita coisa, sem importância, assim, não se tornam obsessões. Segundo a teoria cognitiva sobre a origem das obsessões, portadores de TOC normalmente são pessoas mais sensíveis à responsabilidade e à culpa, podem assim interpretar de forma errônea e dar significado catastrófico a esses pensamentos invasivos “normais”, gerando ansiedade e, transformando-os em obsessões (CORDIOLI, 2008). O indivíduo pode sentir assim, muita angústia e culpa pensando que, se não fizer algo (uma prática mental ou palpável), alguém da sua família poderá morrer, por exemplo. Um portador que tem pensamentos sobre sujeira, contaminação, pode lavar as mãos várias e várias vezes, desinfetar, lavar novamente até mesmo a ponto de sangrar. Essa pessoa pode se dar conta que precisa de ajuda somente quando seu dia já está comprometido em grande parte e ela se encontra em sofrimento agudo.
O TOC interfere de forma acentuada na vida da família, que é obrigada a acomodar-se aos sintomas, alterando suas rotinas e restringindo o uso de espaços e objetos, o que é motivo para constantes conflitos. Por essa razão, na maioria das vezes, pode ser considerado uma doença de toda a família, pois todos os membros acabam sofrendo de alguma forma (CORDIOLI 2008 p 467).
Cordioli (2008) ainda nos fala que, o TOC acomete em torno de 2,5% da população geral, com os sintomas iniciando-se, muitas vezes, ainda na infância, mas geralmente, ao final da adolescência, sendo raro seu início depois dos 40 anos. Por vários motivos, é considerado um transtorno grave, pois, em aproximadamente 10 % dos casos, seus sintomas são incapacitantes. Além disso, seu curso geralmente é crônico e, se não tratado, frequentemente pode manter-se por toda a vida.
Marianita Kutter Ortaça - Psicóloga
Publicado em: Jornal Missioneiro e Jornal O Mensageiro
Referência: Cordioli, A.V. Psicoterapias: abordagens atuais – 3.ed. – Porto Alegre: Artmed, 2008.
Dica de filme: Melhor é Impossível.
Olá Marianita, queria lhe agradecer mais uma vez de ter atendido o meu pedido e lhe parabenizar pela maneira que você escreve, fácil de entender, com isso certamente estará ajudando muitas pessoas. Quero ressaltar também uma parte do texto que achei incrível, os exemplos, parece realmente que foi escrito pra mim, onde eu não deixava meus pais saírem de casa, de medo que acontece algo com eles, de chegar atrasada no trabalho, por motivo dos meus "rituais", de passar vergonha na frente dos meus amigos, pois as vezes não conseguia esconder deles minhas manias, onde achavam que eu estava ficando louca. Em fim, hoje posso dizer que depois de um tratamento de aprox. 5 anos melhorei 90% e vivo uma vida mais tranquila, e meus pais também. Graças a pessoas como você Marianita, que ajudam pessoas e suas famílias com transtorno, mais uma vez obrigada e um bjo enorme! Daniele Rebelatto
ResponderExcluirQuerida Daniele,
ResponderExcluirNão precisa agradecer, é um prazer escrever e poder contribuir e participar da vida de pessoas como você, que prestigiam meus escritos, seja nos jornais, seja aqui, no blog. Ao mesmo tempo quero parabenizá-la pelo sucesso do teu tratamento, que com certeza foi bem sucedido em grande parte pela tua decisão, empenho e desejo de mudança.
Muito obrigada pelo carinho e espero que continue progredindo e feliz, e claro, não deixe de visitar o blog.
Um super beijo
Obrigada mais uma vez. Sucesso, sempre, vc merece!!! bjaum
ResponderExcluirO jo soares e o roberto carlos tem esse problema
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